A TOYOTA FUGIU DO BRASIL?
O caso da Toyota e outras montadoras no Brasil revela uma dura realidade econômica que transcende o patriotismo e a tradição – trata-se de matemática financeira pura e simples.
Quando a Honda reduz sua participação no mercado brasileiro de 7% para 3,5% ao decidir não renovar o Civic no país, não estamos diante de uma decisão sentimental, mas racional. O mesmo ocorreu com a Ford, que encerrou sua produção após um século no Brasil.
O cerne da questão está na carga tributária sufocante. Com impostos entre 35-40% sobre os automóveis, e uma perspectiva de 27% mesmo após a reforma tributária (ainda com adicionais do “imposto do pecado”), as contas simplesmente não fecham para muitas fabricantes.
Quando executivos em reuniões corporativas globais analisam o “payback” de investimentos no Brasil e encontram resultados próximos a zero, a decisão torna-se inevitável.
Não se trata de “fugir” do país, mas de fazer o que qualquer empresa com responsabilidade financeira faria: direcionar recursos para mercados onde o retorno justifica o investimento.
Esta realidade evidencia como políticas tributárias excessivas, ainda que visando arrecadação governamental, podem acabar produzindo o efeito oposto ao reduzir a base econômica sobre a qual os impostos incidem.